quinta-feira, 6 de outubro de 2011

"The giant claw" (1957)


Por algum tempo ponderei se iniciaria esta seção no blog ou não. Decidi que o faria porque é extremamente necessário que aprendamos com a história o que acontece quando não se dá o devido valor ao profissional. (Lembrando que sugestões de post para esta seção também são bem-vindas).


A história aqui é muito simples, trata-se do velho e conhecido "meu sobrinho faria por muito menos". Aqui no caso não se trata necessariamente de um sobrinho mas a analogia me é oportuna. 


O filme "The giant claw" lançado em 1957 foi produzido para rivalizar com os grandes filmes de monstros gigantes da época, tinha um diretor gabaritado (Fred F. Sears, que contava no seu currículo com o clássico "Earth vs. Flying Saucers") disposto a fazer este filme como o expoente de sua carreira até então. O elenco também não era nada amador e a interpretação no filme foi muito boa. O que houve de tão errado então? - O monstro.
A produção do filme foi orçar com o grande mestre dos efeitos especiais da época Ray Harryhausen que até para os dias atuais, seus efeitos em "Stop-motion" ainda são de cair o queixo, eles acharam o valor muito acima do esperado e chamaram uma equipe mexicana que se disponibilizou a fazer por muito menos. Reza a lenda que Ray Harryhausen fazia seu trabalho sem ninguém por perto, fazendo com que todos vissem as cenas apenas na pós produção. Acostumando-se com este fato, a equipe mexicana exigiu o mesmo, fazendo com que todos os envolvidos (inclusive os atores) vissem pela primeira vez a criatura somente quando estava tudo pronto. O resultado é o pior monstro já produzido pelo cinema em todos os tempos, Não somente a modelagem que já é horrorosa como também os movimentos (foram usadas cordinhas em todas as cenas) Alguns acham que aconteceu exatamente aquilo que eu faço com clientes "sem noção" e os produtores foram profundamente sacaneados propositalmente pelos mexicanos porque não acreditam que se possa fazer uma criatura tão patética por acidente. Eu sinceramente acredito na teoria do sobrinho aqui, e que não estavam gabaritados para fazer algo profissional ainda e os produtores só se preocuparam com o orçamento. Existem relatos que o ator Jeff Morrow viu pela primeira vez o monstro numa pré-estreia em um cinema de sua cidade, após 20 minutos, quando a criatura faz sua primeira aparição e com a plateia caindo na gargalhada compulsiva ele saiu discretamente foi pra casa e se embebedou. O que torna o filme mais engraçado ainda é que os atores que nunca tinham visto o monstro fazem até um bom trabalho interpretando com o nada, imaginando algo realmente assustador em sua frente, aí quando aparece aquele urubu pateta interagindo com eles, o estranhamento é ainda mais cômico. O diretor Fred F. Sears nunca mais conseguiu emplacar um filme em sua vida, arruinando sua carreira.


Para ver a grotescamente engraçada e sensacional criatura, veja a resenha de James Rolfe aqui http://www.youtube.com/watch?v=Y0w3FcVe9gc (Está em inglês, mas pra quem não consegue entender, não se preocupem. Basta acompanhar as cenas que é bem visual)

52 comentários:

  1. O topete do Urubu gigante faz todo o conjunto da obra.

    ResponderExcluir
  2. Agora saquei da onde veio a inspiração pra esse personagem dos X-men: http://hqnews.org/wp-content/uploads/2008/02/bico.jpg

    ResponderExcluir
  3. mexicanos sabem trollar os estados unidos como ninguem

    ResponderExcluir
  4. Parece a mesma equipe que fez isso
    http://www.youtube.com/watch?v=nCpScBIm0lk

    ResponderExcluir
  5. Cara, parabéns por esta nova seção do blog. Extremamente didático e educativo, lembra a seção perspectiva histórica.
    O vídeo é ótimo. Como você disse, a grande comédia está nos atores fazendo uma atuação impecável com um monstro extremamente tosco.

    ResponderExcluir
  6. É um dos filmes favoritos do John Carpenter.

    ResponderExcluir
  7. Acho a trollagem pra cima dos clientes mais instrutiva.

    ResponderExcluir
  8. Excelente comparação! aqui no escritório trabalhamos (ou tentamos) trabalhar com um triângulo... qualidade, budget e prazo. Damos dois itens para o cliente e ficamos com um. Exemplo: o cliente quer prazo rápido com muita qualidade?? o nosso preço fica alto! O cliente quer prazo rápido pouco budget??? O trabalho perde qualidade e etc...

    ResponderExcluir
  9. Divasca, este é um dos melhores posts que eu já li em seu blog. Este post resume todo o conceito de todo o seu blog.
    Todo cliente que se recusa a pagar deveria ler este artigo, acho bem convincente.
    Continue trolando os clientes bizarrros, eles merecem.
    Portfólio: http://www.daviaraujo.com.br

    ResponderExcluir
  10. Achei engraçado no vídeo, a parte que trata da maneira que o cara liga os pontos para montar o padrão de ataque do monstro.

    Como perco o amigo, mas não perco a piada - Vai ver foi daí que o Steven Jobs tirou as frases "a vida é ligar pontos" e "pense diferente"...

    ResponderExcluir
  11. Di Vasca, parece até um pokémon né cara?!kkk
    Na verdade um pokémon é muito mais bem feito né cara?

    ResponderExcluir
  12. Esse aí só perde pro mostro do armário Kkkkkkkkk!!!!

    ResponderExcluir
  13. http://4.bp.blogspot.com/_tHqh8Ij4-fY/S6qTaPajGUI/AAAAAAAAAkA/okiPbj3nu6E/s1600/monstro.jpg

    ResponderExcluir
  14. Esse aqui também é um clássico: http://www.youtube.com/watch?v=uP8OhGzWat0

    Abraços

    ResponderExcluir
  15. Ou seja.

    Postagens de clientes fdps só de 2 a 4ª.

    Resta torcer pro Divasca ter um grande acervo de bizarrices, pq senão serão cada vez mais sessões e cada vez menos "causos de

    ResponderExcluir
  16. Esta produção lembra a outra péssima: ''Monster in the closet''

    Medo!

    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk


    ...dos produtores.

    ResponderExcluir
  17. referencia aos habitos não-saudaveis da aguia americana

    ResponderExcluir
  18. Isso aconteceu numa empresa que trabalhei. O dono passou o orçamento e prazo para um cliente - 1 analista e 1 programador em tempo integral, por 3 meses. O cliente achou muito caro e prazo muito elástico. Conclusão: deixou pros sobrinho e neto dele fazerem. 2 meses depois esse mesmo cliente liga desesperado pois o sistema tinha sido entregue que nem a cara dos moleques, cheio de erros e inconsistências. Daí o dono da empresa simplesmente pediu o triplo (jogar fora o que estava feito e fazer direito). O cliente estava desesperado e concordou... Como diz minha avó: "o barato normalmente sai muito caro.".

    ResponderExcluir
  19. Cara que monstro mais tosco e ridículo o.O, nem se compara aos do Ray Harryhausen. u.u

    ResponderExcluir
  20. Ficou ótimo DiVasca, já estou aguardando os próximos.
    Se eu tiver alguma ideia ou vir alguma coisa do tipo, te mando a dica via twitter.

    Grande Abraço!

    ResponderExcluir
  21. HAHAHAHAH quero ve-lo na integra, fiquei muito curioso agora.

    ResponderExcluir
  22. Não é óbvio pensar que Caro = Qualidade e Barato = Sem Qualidade?
    Não estamos falando de pastel e sim de Criação

    ResponderExcluir
  23. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  24. Tem gente aí falando do Monstro do Armário. Mas o monstro do armário tinha a INTENÇÃO de ser mal feito. A sua pretensão nunca foi de altíssima qualidade, mas sim de um monstro de filme B. E cumpriu muitíssimo bem esse papel haha. Vingador Tóxico também seguia essa linha. Esses filmes são para serem assistidos como humor, não como terror. Priiiiiincipalmente o VIngador Tóxico ( http://www.youtube.com/watch?v=JyDm_gNkaTo )

    ResponderExcluir
  25. FLYING BATTLESHIP!

    Divasca... Roteiro bom aonde? Talves fosse bom para um filme-catástrofe dos tão populares na época. Mas sim, o Claw consegue a façanha de ser inferior ao macaco de capacete.

    Sobre orçamentos: O DiVasca é estúpidamente caro, mas estúpidamente talentoso, a qualidade de um trabalho feito por ele é alta, e por conseguinte trará o retorno almejado. Deve-se negociar sim, mas em termos razoáveis, não em escambo por entrevistas ou linkings ou "setenta conto"... e se infelizmente o orçamento disponível não permite, deve-se procurar outros meios, como ilustradores em começo de carreira... Mesmo que no México.
    ... Mas para não cometer o mesmo erro do Fred F. Sears, dá para se olhar o histórico, portifólio, etc. Ray Harryhausen tinha conquistado o direito de ocultar o produto final... os Juan Ramirez não.
    Concluindo a mensagem: Respeite o profissional, mas não seja otário.

    ResponderExcluir
  26. Isso acontece muito com redatores também. "O QUÊ? TUDO ISSO? SÓ PARA ESCREVER?" Daí depois aparecem aqueles textos completamente desconexos com aquelas revisões toscas automáticas do word e eles não entendem porque os outros acham o site dele deselegante e amador.

    ResponderExcluir
  27. Pra mim não foi trolagem de mexicano não, foi puro serviço porco de "sobrinho" mesmo

    ResponderExcluir
  28. James Rolfe é um dos caras mais criativos que eu vi aparecer na net nos últimos anos. Alguém aqui conhece os vídeos de videogame que ele faz? São antológicos.

    Eu gosto muito deste blog, porque embora eu não trabalhe com ilustração ou design, sou compositor de trilhas sonoras, e também já passei muito por essa coisa do "pago depois" ou "fazer por divulgação".

    Parabéns!

    ResponderExcluir
  29. Parabéns pelo belo trabalho. Tá-se a tornar num blogue cada vez mais importante para mim.
    Continua com o bom trabalho e por favor não pare :D

    ResponderExcluir
  30. Excelente iniciativa, Di vasca! Torço sinceramente para que donos de empresas e prováveis clientes também sejam visitantes assíduos do seu blog. E sobre aprender com a história, raramente as pessoas aprendem com fatos passados, e isso é comprovado pela própria... história! Como disse um filósofo alemão: "em qualquer lugar e qualquer tempo, os feitos dos homens serão os mesmos."

    Mas alertar para tais erros como voce faz, ajuda a diminuir o estrago. Sempre há alguém que aprende com estes alertas, portanto voce não está atirando pérolas aos porcos. Continue com o bom trabalho!

    ResponderExcluir
  31. Kkkkkkk....

    Esse é o filme do "A flying battleship"?! hahaha.

    Nunca vi uma frase ser repetida tantas vezes num mesmo filme:

    http://www.youtube.com/watch?v=QJcg0o7_7N8

    ResponderExcluir
  32. Neste caso, a cagada não foi consertada. De modo geral, consertar a cagada e/ou refazer o serviço, fica mais caro que fazer certo da primeira vez, além é claro, do atrazo no projeto.

    ResponderExcluir
  33. NeoStrider, vi tb no AVGN sobre esse filme tb.
    Putz se juntasse o o Divasca e o AVGN seria épico!

    ResponderExcluir
  34. que desgraça de criatura foi essa do filme?as easuheasuheaheas

    ResponderExcluir
  35. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  36. Parabéns pela valorização que você dá ao seu trabalho, Di Vasca. Essa área é muito prostituída e desvalorizada, mesmo por aqueles que atuam nela. O pior é ver o descaso de algumas empresas... Como um cara quer que um programador faça um trabalho de arte, só pelo fato dele ter conhecimento de um software ligado a arte? Idaí que o sobrinho/ programador sabe mexer com vetor? Ele não vai ter a noção de um artista profissional da área como você e outros que estudam pra isso.

    ResponderExcluir
  37. Otima materia Di Vasca. Realmente, percebe-se que não é somente no seu meio que a regra do sobrinho que é valida, em tantos outros também. E sobre tantos outros meios que perderam minas de ouro, mas acharam a ideia não rentavel, como por exemplo, os garotos de Liverpool, o telefone...? E de ideias que páreciam promissoras, mas na verdade, se tornaram verdadeiros abismos financeiros, como o virtual boy (e seu filho maldito, o nintendo 3ds)? Terá espaço para falar esses exemplos também?

    ResponderExcluir
  38. DiVasca acompanha James Rolfe, +10 pontos na escala de respeito!

    ResponderExcluir
  39. Adorei o post. Principalmente pelo fato de ser relacionado ao cinema (minha futura área de trabalho) e estes reviews do James, que eu sempre confiro.

    Bom saber que o DiVasca tem conhecimento sobre esses filmes, que são no geral desconhecidos.

    Recomendo ao pessoal que lê o blog dar uma olhada no especial Monster Madness (e outros trabalhos também, mas tenho maior simpatia por este) que ele faz todo mês de Outubro. São análises completas e hilárias. Pra quem sabe inglês moderadamente, é um prato cheio. : ]

    ResponderExcluir
  40. Genial! Vou mostrar esse post para quem usar o argumento do sobrinho

    ResponderExcluir
  41. Kramba!!!!

    Será que alguém viu o final do vídeo???
    Que gênio descobriu aquele padrão em espiral???
    E a cena do trem??? Hilário!
    uhaehuaehuaeuhaehuae

    Perguntas que não querem se calar...

    ResponderExcluir
  42. Ray Harryhausen era o cara! Gostei da informação.

    ResponderExcluir
  43. https://www.youtube.com/watch?v=hOj0nXpRqX8

    ResponderExcluir